Nova ferrovia passará ao lado da 277 08/07/2013 - 16:06

Nova ferrovia passará ao lado da 277

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou a expectativa do setor produtivo e de entidades ambientais paranaenses e anunciou ontem o traçado do novo corredor ferroviário paranaense, que ligará o terminal de Engenheiro Bley, na Lapa, ao Porto de Paranaguá. A ferrovia vai seguir a faixa de domínio da atual estrada de ferro existente desde a Lapa até Curitiba e, depois, seguirá o trajeto da BR-277 até o litoral. Foi a solução mais viável e com menor impacto ambiental.
Para conciliar todas as especificidades do caminho e ainda atender a alta produtividade desejada – a velocidade do trem na Serra do Mar deve saltar dos atuais 15 km/h para 60 km/h – o projeto prevê um total de oito túneis e seis viadutos ao longo dos 150 quilômetros de percurso. Estas intervenções, inclusive, devem ser responsáveis por 60% do custo da obra, ou R$ 1,3 bilhões de um total de R$ 2,2 bilhões.
A ANTT vai publicar o projeto no dia 15 para a tomada de subsídios ao longo de um mês. Nesta fase, a agência recebe documentos que possam ajudar na consolidação ou alteração do projeto. Depois o estudo parte para a fase de audiências públicas e, incorporadas as sugestões colhidas nestas duas etapas, é encaminhado para o Tribunal de Contas da União (leia mais sobre os planos para a licitação da ferrovia nesta página).
Detalhes
O percurso vai seguir a faixa de domínio da atual ferrovia concedida à America Latina Logística (ALL) desde o ramal de Engenheiro Bley até o Parque Iguaçú, no sul de Curitiba. Lá será instalado um pátio ferroviário. “Não é o ideal que a ferrovia esteja envolvida pela mancha urbana, mas é fundamental que ela passe próximo aos seus potenciais usuários”, afirma o superintendente da EPL. Desta forma, o percurso permanecerá passando ao lado dos terminais da Petrobrás e Imcopa em Araucária, por exemplo.
Do pátio de Curitiba a ferrovia seguirá ao lado da BR-277 ao longo da descida da Serra do Mar. Neste trecho, a linha desvia o Parque Nacional de Saint Hilaire e passa ao norte do futuro Parque Nacional de Guaricana. Ao todo, 2% do parque serão afetados. “Infelizmente, a topografia da serra tornou inviável o desvio completo”, afirma o engenheiro da Progen, empresa que elaborou o estudo preliminar, Paulo Henrique Torres. Ao todo, a empresa estudou a viabilidade de sete corredores, mas o trajeto escolhido era o que tinha o menor impacto ambiental.
Os túneis que serão construídos para “perfurar” os maciços da serra já serão projetados para uma futura ampliação da malha no Paraná. As passagens terão largura suficiente para que se instale uma segunda ferrovia ao lado. “Estamos pensando para daqui 40, 50 anos, mas queremos evitar problemas para uma duplicação das vias”, afirma o superintendente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bruno Rota.

Edital
Licitações do trecho devem sair em lotes
A Valec, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) ainda estão definindo como serão feitas as licitações das novas ferrovias do Programa de Investimentos em Logística (PIL).
Ainda que o estudo preliminar tenha sido dividido em dois trechos (de Maracaju à Lapa, de mais de 1.000 quilômetros, e da Lapa a Paranaguá, de 150 quilômetros, a licitação do projeto executivo e das obras deve ser dividida em lotes de quilometragem equivalente. “Não sabemos ainda em quantos trechos vamos dividir, mas como são valores muito altos, é provável que os trecho sejam leiloados em fragmentos para que os concessionários possam realizar os investimentos necessários”, explica o superintendente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bruno Rota.
O mais caro
O percurso que passa pela Serra do Mar é o mais complicado de ser executado. Segundo as estimativas dos projetos preliminares, cada quilômetro de ferrovia de Maracaju até Engenheiro Bley vai custar cerca de R$ 7 milhões. Na serra, o custo será dobrado: R$ 15 milhões por quilômetro.
Em detalhes
Conheça os principais pontos do projeto preliminar apresentado pela ANTT e pela Projen, empresa que elaborou o estudo:
• Reserva
O trajeto passará por uma pequena porção da área do futuro Parque Nacional de Guaricana. As razões são técnicas: no projeto aprovado, o trecho mais complicado da serra tem um desnível de 400 metros. Se a ferrovia fosse desviar do parque, o declive seria de 800 metros, o que inviabilizaria o projeto.
• Capacidade ampliada
Além de proporcionar uma velocidade maior e de suportar trens com mais vagões, os túneis serão projetados para que as locomotivas possam trafegar com o chamado double-stack (quando dois contêineres são empilhados). Eles também serão largos o suficiente para que uma futura linha paralela seja construída.
• Custo
O plano básico prevê que este trecho da ferrovia custe R$ 2,2 bilhões. Somente os seis viadutos e os oito túneis consumirão 60% deste custo total; as terraplanagens, 12,5%.
• Desvio urbano
A ferrovia continua passando por Araucária e Curitiba. Além de se aproveitar dos terminais das empresas que serão usuárias da linha férrea, o estudo concluiu que os gastos com novas desapropriações tornariam a obra ainda mais onerosa.
• Prazos
A partir da semana que vem, a ANTT recebe sugestões ao longo de um mês para o projeto. Depois, serão realizadas pelo menos duas audiências públicas ao longo de 25 dias. Com todas as contribuições feitas, a agência tem 80 dias para encaminhar o projeto para o Tribunal de Contas da União e preparar a licitação.

(Reportagem do jornal Gazeta do Povo/06/07/2013/por Pedro Brodbeck. Confira no site http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1388546&tit=Nova-ferrovia-passara-ao-lado-da-277#ancora)

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